De 1921 a 1951 – Os Figueirenses

Em 1921, Florianópolis era uma pequena capital provinciana e isolada, cuja sede se encontrava desligada do continente por um estreito canal de águas rasas. Surgiu, por esta razão, um intenso envolvimento da cidade com as práticas marítimas, dentre as quais o remo.

A divisão política do município se adequava às suas dimensões, coexistindo diversos conjuntos urbanos no que atualmente compreende apenas um bairro: o Centro. Situavam-se ali, dentre outros, os bairros da Rita Maria, do Menino Deus, do Mato-Grosso, da Tronqueira, da Praia de Fora, do Arataca e da Figueira. Este último compreendia as imediações das ruas Conselheiro Mafra e Padre Roma que, naquela época, eram caracterizadas como arrabaldes.


Antigo bairro da Figueira.

Nesse contexto, surge o Figueirense Futebol Clube, em 12 de junho, das mãos de vinte e dois jovens amigos do bairro da Figueira, liderados pelo sindicalista João dos Passos Xavier, que se tornou o primeiro presidente do Clube. Funcionário do grupo Hoepcke, Xavier chegou a ser empregado do Dr. Aderbal Ramos da Silva, que se tornaria governador do estado e um dos mais ilustres torcedores do Avaí, time rival, fundado em 1923. Segundo o benemérito Agenor Povoas, “o Figueirense surgiu por gente fraca na sua apresentação social, mas elevada pela firmeza de suas convicções”.

Os jogadores, torcedores, diretores, enfim, todos os que se envolviam com o futebol do Figueira eram chamados de "figueirenses", termo adjetivo que foi sendo substituído, ao longo do tempo, pelo consagrado "alvinegros".

Destaca o historiador Maury Borges que a trajetória do Figueirense teve um início difícil e conturbado:

“Parece simples explicar. O Avaí pertencente à elite social, somava maiores facilidades de acesso às fontes de divulgação da época, enquanto o Figueirense, resignado pela sorte e pela humildade de seus fundadores, lutava em sucessivas crises financeiras e administrativas. (...) A diferença de clube do povo para clube da elite, diz tudo”.

Os "figueirenses" de 1923.

Desde o primeiro clássico, registrou-se a presença de uma notável assistência cujo destaque principal era a atuação feminina. A rivalidade, que nasceu no campo, logo se transferiria para as arquibancadas, dividindo as torcidas e, por conseqüência, a cidade inteira. A história nos mostra que, no entanto, essa divisão foi construída de forma desigual.

De acordo com a obra de Borges, o jornal “A Gazeta” em edição de 1936 lançou um concurso para definir qual clube era o mais simpático da cidade. Com maioria dos votos, venceu o time da Figueira, que foi premiado com um troféu. O Avaí, originário da Pedra Grande (atual Agronômica), terminou em segundo lugar, recebendo uma bola de futebol.

Em 1952, a Rádio Diário da Manhã, hoje CBN Diário, promoveu a enquete: "time preferido da opinião pública". Entre os clubes de Florianópolis, a maioria alvinegra se evidenciou, consagrando o Figueirense com 8.931 votos, contra 6.260 do rival. Entre os clubes do Rio de Janeiro, venceu o Botafogo que, na época, estava em evidência no Brasil.


Jornais da época destacam a maioria figueirense.
Para receber a premiação, o time do Botafogo veio à Florianópolis para enfrentar o Figueirense num amistoso realizado no Estádio Adolfo Konder, em 31/01/1952.
Créditos: Acervo da UFSC

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