Em nove décadas, gerações se sucederam. A platéia se tornou torcida, e a torcida se tornou nação. Apesar da elitização do futebol que vem, nos últimos anos, ofuscando o brilho das arquibancadas, é evidente a íntima relação desse clube com as camadas mais populares. Celebra-se aqui, portanto, o futebol brasileiro na sua mais característica expressão: a popularidade.
O Time do Povo Catarinense
Em nove décadas, gerações se sucederam. A platéia se tornou torcida, e a torcida se tornou nação. Apesar da elitização do futebol que vem, nos últimos anos, ofuscando o brilho das arquibancadas, é evidente a íntima relação desse clube com as camadas mais populares. Celebra-se aqui, portanto, o futebol brasileiro na sua mais característica expressão: a popularidade.
De 1921 a 1951 – Os Figueirenses
A divisão política do município se adequava às suas dimensões, coexistindo diversos conjuntos urbanos no que atualmente compreende apenas um bairro: o Centro. Situavam-se ali, dentre outros, os bairros da Rita Maria, do Menino Deus, do Mato-Grosso, da Tronqueira, da Praia de Fora, do Arataca e da Figueira. Este último compreendia as imediações das ruas Conselheiro Mafra e Padre Roma que, naquela época, eram caracterizadas como arrabaldes.
Os jogadores, torcedores, diretores, enfim, todos os que se envolviam com o futebol do Figueira eram chamados de "figueirenses", termo adjetivo que foi sendo substituído, ao longo do tempo, pelo consagrado "alvinegros".
De acordo com a obra de Borges, o jornal “A Gazeta” em edição de 1936 lançou um concurso para definir qual clube era o mais simpático da cidade. Com maioria dos votos, venceu o time da Figueira, que foi premiado com um troféu. O Avaí, originário da Pedra Grande (atual Agronômica), terminou em segundo lugar, recebendo uma bola de futebol.
Em 1952, a Rádio Diário da Manhã, hoje CBN Diário, promoveu a enquete: "time preferido da opinião pública". Entre os clubes de Florianópolis, a maioria alvinegra se evidenciou, consagrando o Figueirense com 8.931 votos, contra 6.260 do rival. Entre os clubes do Rio de Janeiro, venceu o Botafogo que, na época, estava em evidência no Brasil.
1960 – A Invasão Alvinegra no Continente
O Estádio Orlando Scarpelli foi construído no coração da região de maior densidade demográfica de Santa Catarina, que contempla os núcleos urbanos do Centro, do Estreito e de São José. Este último, por si só, é mais populoso que o município de Criciúma.
A torcida alvinegra comprimida no acanhado Adolfo Konder.
Estádio Adolfo Konder, o famoso "Campo da Liga": casa do Figueirense até 1960.
Desde muito cedo o acanhado Estádio Adolfo Konder (Beiramar Shopping) mostrou-se insuficiente para suportar a massa alvinegra e suas ambiciosas pretensões. Desta forma o Figueirense se tornou o primeiro clube catarinense a erguer um grandioso estádio, apelidado inicialmente de Brinco de Ouro do Estreito e consagrado como a "casa mais visitada de Santa Catarina". Foi dos braços do Orlando Scarpelli que, pela primeira vez neste Estado, se ouviu o grito de trinta mil vozes a empurrar um time de futebol.
Os primeiros contornos do Orlando Scarpelli.
A construção de uma praça de esportes nas dimensões pretendidas, numa cidade ainda sem grandes possibilidades econômicas, foi um processo lento e difícil. O time sacrificou anos de sua prática esportiva para angariar recursos na construção de sua casa. Primeiramente, em 1945, transferiu sua sede para o bairro do Estreito, iniciando as obras para construção do campo somente em 1948. Apenas 12 anos depois, em junho de 1960, foi parcialmente inaugurado o Estádio Orlando Scarpelli, e o clube passou a mandar seus jogos, definitivamente, na parte continental da Capital.
Unidos da Coloninha
Esta agremiação cultural e recreativa teve no Figueirense, sua principal referência. A escola cuja identidade se veste de verde e azul tem no coração a paixão pelo preto e branco, e nunca escondeu isso. Das quatro grandes escolas de samba de Florianópolis, das quais fazem parte avaianos e alvinegros, a única que apresenta uma enorme maioria, quase unânime, de torcedores de um único clube é a Unidos.
O Figueirense se orgulha de possuir grandes representantes em diferentes setores culturais e a Unidos da Coloninha, com toda a sua tradição no carnaval catarinense, é mais uma mostra da força da Torcida.
Atualmente, a Coloninha integra cerca de 3 mil componentes em seus desfiles, possui uma grande sede e realiza os ensaios ao lado do estádio Orlando Scarpelli. Recebeu recentemente, através do Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião Pública, o título de escola de samba mais querida de Santa Catarina.
Crianças da Unidos da Coloninha em desfile de 1962.
A Escola de Samba de grande parte dos alvinegros.
Créditos: Marco Nunes e Site da Unidos da Coloninha
Década de 70 – Anos Dourados
Pôster do Figueira de 76. O colorido dos anos 70 estava estampado nas cadeiras do Scarpelli.
A década de 1970 foi, sem dúvida, a mais importante da história do Clube. Não por conta das conquistas, as quais já foram superadas em tempos mais recentes, mas porque consagrou o Figueirense como o mais prestigiado time de Santa Catarina. Quando da comemoração dos seus cinqüenta anos de vida, surge um Figueirense renovado, de casa nova, com um novo e definitivo símbolo estampado no peito, esbanjando simpatia. Após décadas de inferioridade, o futebol da capital foi restaurado.
Torcida feminina no Estádio Orlando Scarpelli, década de 70.
Os holofotes da imprensa estavam todos direcionados ao Orlando Scarpelli; os tradicionais bailes preto e branco agitavam as noites da cidade; a tietagem fez brilhar os ídolos, dentro e fora de campo; a liderança marcante do Major Ortiga dava personalidade à diretoria; enfim, o futebol alcançava seu auge no Brasil e, em Santa Catarina, o protagonista era o Figueirense. Vestir as cores preto e branco estava, mais do que nunca, na moda. E foi no período entre 1970 e 1980 que, possivelmente, registrou-se o maior crescimento da torcida alvinegra.
Figueirense x Cruzeiro no Orlando Scarpelli - Década de 70.
Dinastia Ortiga: o incansável Major José Mauro da Costa Ortiga, filho do também ex-presidente Osni Ortiga.
Foto tirada sob a Ponte Hercílio Luz, e utilizada em publicidade do Figueirense.
Toninho Catarinense, craque do Figueira, na capa da revista Placar (outubro de 75).
Palmeiras e Figueirense jogando pelo Campeonato Nacional no Palestra Itália.
O Gigante Acordou
"Eram 5 horas e 22 minutos da tarde quando um velho DC-3 da FAB fez uma suave curva sobre o Orlando Scarpelli. Aqui embaixo, um homem de preto, baixo e atarracado, ergueu sua mão direita para o céu. Era o sinal.
Egon, com uma vistosa camisa amarela, saiu correndo para o túnel, assim como todos os outros jogadores do Figueirense. Os portões do alambrado foram abertos pela torcida e de repente, o gramado – palco e posse, até ali, de 22 pessoas – transformou-se numa grande festa. Era o campeonato voltando à Capital, depois de 13 anos, e voltando ao Figueirense depois de 32.
Uma imensa bandeira alvinegra foi aberta e começou a circular, já tocada pela glória do título. Tão grande era, que envolveu um policial nas suas malhas. Este, irritado, deu uns puxões nos torcedores, escusando-se a dar trânsito ao público. "É Avaí! É Avaí!", gritaram.
No meio do campo se ascendiam velas. Pela esquerda, surgia carregado nos ombros o treinador Jorge Ferreira, que um pouco depois, de sapatos e meias, colocava os pés sob uma torneira.
Foi a hora em que, voltando dos vestiários, a equipe campeã iniciou a volta olímpica. Mesmo depois do jogo, o preparo físico estava excelente. Tentando acompanha-la, o presidente José Mauro Ortiga, apesar de ter tirado seu pesado capote, ficou na metade do caminho. À esquerda das cadeiras especiais, a torcida do Avaí a tudo assistia em silêncio.
(...)
Nas ruas a festa prosseguia. O número de pessoas e carros que lentamente deixava o estádio assegurava que, desta vez, o futebol voltou para a ilha para ficar, trazido pelo Figueirense, um time que nunca deixou de estar em ascensão, durante todo o campeonato."
Figueirense 0 x 0 Avaí. Orlando Scarpelli, Florianópolis, 3 de setembro de 1972. O futebol de Santa Catarina assistia ao despertar de um gigante: o maior fenômeno popular do esporte catarinense voltava a figurar entre os consagrados campeões estaduais, em busca da hegemonia perdida na década de 40. A conquista de 72, sobre o maior rival, não foi importante apenas para o clube alvinegro, mas para o campeonato em si, que até então não tinha visto uma comemoração de tamanha expressão.
1972 e 1973 – A Consagração da Maioria
Scarpelli em 1972 – Faixa parcialmente registrada pela fotografia enunciava: Figueirense, a maior torcida.
Detalhe: antiga cobertura da social do Scarpelli.
Em 1973, a revista Placar, em edição especial, promoveu o concurso “O Mais Querido”, que consagrou as maiores torcidas em cada estado brasileiro. Em Santa Catarina, a publicação reconheceu a força popular do Figueirense.
1975 - A Festa do Povo
Após o time se classificar para a fase final, vencendo o Bahia, em plena Fonte Nova, a capital catarinense se pintou de preto e branco. Naquele momento, não apenas brilhava o nome do time pelo país, mas também o nome da Cidade e do Estado. O orgulho se traduziu numa enorme projeção popular e o time desfilou em carro aberto através de uma multidão de torcedores que se concentrava na Praça XV de Novembro.
Aquele dia ficou marcado na memória da cidade como o dia em que o Figueirense mostrou-se, verdadeiramente, um gigante. Cerca de dez mil torcedores participaram da grande festa, que se iniciou na segunda-feira pela manhã e terminou na madrugada do dia seguinte. O time desfilou em caminhão da polícia militar e foi recebido pelo governador e pelo prefeito da Capital.
Figueirense Parou Florianópolis
Com o título: "E a cidade parou...", o aludido jornal publicou, nos dias que sucederam aquela histórica comemoração, caderno especial que trazia uma seleção de fotografias da festa. Dentre as quais destacavam-se duas: a que mostrava a multidão que invadiu a Praça XV de Novembro e outra, colocada no centro da primeira página, que registrava em meio ao imenso tumulto uma senhora sorridente. Naquele momento, Florianópolis era a cidade de um só time.
Milhares de torcedores invadiram as ruas da cidade.
Carros desfilavam com as bandeiras alvinegras.
Os gritos de "Figueeeeeira" eram os mais exaltados.
Créditos: Arquivos do Jornal O Estado
Mais de 15 mil Torcedores por Jogo
Confira as maiores médias de público da história do Campeonato Brasileiro (por clube):
1º Flamengo: 66.507 (1980)
2º Atlético-MG: 55.664 (1977)
3º Santos: 49.306 (1983)
4º Corinthians: 47.729 (1976)
5º Internacional: 46.971 (1979)
6º Bahia: 46.291 (1986)
7º Vasco: 46.281 (1983)
8º Fluminense: 43.541 (1976)
9º Palmeiras: 42.417 (1983)
10º São Paulo: 41.179 (1981)
11º Cruzeiro: 37.035 (1983)
12º Grêmio: 36.648 (1981)
13º Sport: 35.580 (1998)
14º Botafogo: 34.720 (1981)
15º Náutico: 30.918 (1983)
16º Goiás: 28.158 (1983)
17º Vitória: 27.022 (1993)
18º Atlético-PR: 23.801 (1983)
19º Fortaleza: 23.731 (2005)
20º Coritiba: 21.754 (1980)
21º Ceará: 21.622 (1982)
22º Guarani: 17.861 (1982)
23º Figueirense: 16.696 (1975)
Em Santa Catarina:
1º Figueirense: 16.696 (1975)
2º Joinville: 13.677 (1981)
3º Criciúma: 12.023 (1986)
4º Avaí: 10.820 (1976)
Em 1975 foi registrado, também, o maior público da história do futebol catarinense no Campeonato Brasileiro.
O velho bruxo, Lauro Búrigo, acompanhando treino no Scarpelli.
Confira os maiores públicos (torcedores pagantes) do Campeonato Brasileiro por clube*:
1º Figueirense Futebol Clube
Público: 26.660
Estádio: Orlando Scarpelli
Jogo: Figueirense 0 x 0 Vasco
Data: 24/09/1975
2º Joinville Esporte Clube
Público: 25.945
Estádio: Ernesto Schlemm Sobrinho
Jogo: Joinville 1 x 1 Grêmio
Data: 19/10/1977
3º Avaí Futebol Clube
Público: 19.591
Estádio: Orlando Scarpelli
Jogo: Avaí 0 x 4 Internacional
Data: 19/06/1976
4º Criciúma Esporte Clube
Público: 19.321
Jogo: Criciúma 1 x 1 Internacional
Data: 16/10/1986
*Considerando, apenas, jogos da primeira divisão.
Os dados podem ser conferidos no site da Rec. Sport. Soccer Statistics Foundation (RSSSF).
1979 - Todos na Primeira Divisão
Segue, abaixo, a média de público das cinco maiores torcidas de Santa Catarina:
1º Figueirense Futebol Clube: 9.894 torcedores por jogo
2º Joinville Esporte Clube: 7.400 torcedores por jogo
3º Criciúma Esporte Clube: 4.705 por jogo
4º Avaí Futebol Clube: 3.824 torcedores por jogo
5º Associação Chapecoense de Futebol: 2.158 torcedores por jogo
Fonte: Futpédia: http://futpedia.globo.com/
Vale lembrar que o estádio Orlando Scarpelli, por ordem da CBF, recebeu todos os jogos do time do Avaí nos campeonatos nacionais da década de 70, por ser o único estádio de Florianópolis habilitado a sediar jogos de nível nacional.
Em 1979 o Orlando Scarpelli recebeu sua última grande reforma.
1982 - Inveja e Vandalismo no Scarpelli
Em 82, a crise e a inveja falaram mais forte: alguns torcedores do Avaí, diante da ausência de policiamento, promoveram uma quebradeira generalizada no Orlando Scarpelli, ocasião em que o Estádio lhes havia sido cordialmente cedido pela diretoria do Figueirense para a realização de um bingo. Foi no dia 1º de maio.
Inveja e vandalismo: CR$ 1 milhão em prejuízo para o Figueirense. Ao fundo, cadeiras quebradas no setor "a".
Até carros (da Amauri Veículos, tradicional parceira do Figueirense) foram incendiados no gramado. Ao fundo, setores "d" e "e" do Scarpelli.
Fonte: Jornal O Estado, de 04/05/1982.
1984 – Novamente Consagrada
Em 1984, depois de ter perdido o título do ano anterior em seu próprio estádio, completamente lotado, num empate sem gols com o time de Joinville, o Figueirense teve nova chance de levantar a taça. Mas, infelizmente, acabou por repetir o resultado do ano anterior, contra o mesmo Joinville, no mesmo Scarpelli, na frente dos mesmos 25 mil torcedores.
Anos 80 x anos 70: o então presidente, Dr. Sadi Lima (Procurador-geral do Estado) e o saudoso Major Ortiga.
Nesse campeonato, vale lembrar, registrou-se um dos maiores públicos em clássicos até então. Segundo a diretoria alvinegra, mais de 25 mil torcedores assistiram ao jogo, dos quais apenas 19.581 pagaram ingresso. A propósito, de acordo com o historiador Jairo Roberto de Sousa, dos cinco maiores públicos da história dos clássicos, quatro foram documentados no estádio do Figueirense.
Albeneir, eterno ídolo da década de 80.
No mesmo ano, conforme os registros do historiador Maury Borges, o jornal O Estado confirmou o que as arquibancadas continuavam a evidenciar. O resultado de mais uma promoção de ampla divulgação reafirmou o Clube como o mais querido de Santa Catarina. Num total de 51.929 votos, o Figueirense venceu com 42,7% e o Avaí ficou com 33,1%.
Vídeo: gols de Albeneir no Figueirense da década de 80.
1985 – Duas Torcidas, Uma Tradição
Na penúltima rodada do hexagonal decisivo com espírito de semi-final, já que os vencedores decidiriam o título, Avaí e Figueirense jogaram em seus domínios contra fortes adversários. O Leão da Ilha pegou o Leão do Sul e o Furacão entrou em campo contra o JEC.
Moda anos 80: Figueirense e as polêmicas listras horizontais.
No dia seguinte, o jornal O Estado publicou as fichas técnicas dos jogos de Florianópolis:
Avaí 4x0 Hercílio Luz
Local: Estádio Governador Aderbal Ramos da Silva, na Ressacada, ontem à tarde.
Arbitragem: José Carlos Bezerra, auxiliado por João Manoel Florêncio e Jair Francisco da Rosa.
Gols: Catatau aos 16 e Duda aos 24 do primeiro, Décio Antônio aos 6 e novamente aos 41 do segundo tempo.
Renda: Cr$ 40 milhões e 16 mil.
Público pagante de 4 mil 706 pessoas.
Figueirense 1x2 Joinville.
Local: Estádio Orlando Scarpelli.
Arbitragem: Dalmo Bozzano, auxliado por Itamar Valente Vieira e Eurico Martins.
Gols: Wagner aos 24 pelo JEC, Vanusa aos 27 pelo Figueirense e Nardela, aos 34 pelo JEC, todos no segundo tempo.
Renda: Cr$ 148 milhões e 406 mil.
Público pagante de 10 mil 246 pessoas.
A maior sempre foi a maior...
Os Símbolos do Figueirense
Avante Figueirense
Pra frente Furacão
S’embora esquadrão de aço
És tesouro do meu coração
Tua torcida é garra, é empolgação
Vejo em ti pujança
De um grande esquadrão
Por ti torcemos
Por isso somo alvinegros
A força do Scarpellão
Por ti torcemos
Por ti vibramos
Figueirense
És o nosso campeão
1987 – Torcida é destaque nacional
Atualmente se percebe, quando do rebaixamento de um grande clube do futebol brasileiro, uma grande mobilização das torcidas no sentido de ajudar o seu time do coração a voltar ao lugar que lhe pertence.
Em 1987, ocorreu algo semelhante em Santa Catarina: o Figueirense, clube mais popular do Estado, disputava, pela primeira e única vez, uma humilhante segunda divisão estadual. A torcida compareceu em massa ao Scarpelli e a imprensa fez uma inédita cobertura do campeonato.
No dia 10 de agosto, a Revista Placar publicou reportagem intitulada "Começando tudo de novo", da qual vale destacar o seguinte trecho:
"O prestígio do velho Figueirense pode ser aferido pela média de arrecadação de 100.000 cruzados contra os 60.000 que o rival Avaí alcança na Primeira Divisão".
Reportagem: público do Figueira na segundona é maior que o do Avaí na primeira.No dia 5 de dezembro daquele ano, após a desastrosa final contra a equipe de Blumenau, que ficou com o título em pleno Orlando Scarpelli, o jornal O Estado, com a manchete “Chuva, suor e lágrimas”, assim publicou:
“O Figueirense não foi o campeão, mas mostrou que tem uma torcida invejável, apaixonada. O apoio foi decisivo durante todo o campeonato e ontem à noite, quando o juiz Dalmo Bozzano encerrou a partida, acabou seu sonho, o de ser campeão depois de 13 anos. Não deu Figueira, mas nem por isso a torcida mostrou-se vingativa. Ao contrário, calou os torcedores do Blumenau, que comemoravam o título, com um aplauso a seus jogadores que com certeza não foi menos gratificante que a Taça Governador do Estado (...) Ser Figueirense é sobretudo, ser um apaixonado (...) O Figueirense não foi o campeão, mas sua torcida foi.”
1990 - Tens a Torcida Mais Fiel do Nosso Estado
Em 2 de dezembro de 1990, num domingo memorável, o Figueira finalmente sagrou-se campeão! Da Copa Santa Catarina. Copa Santa Catarina?
Pôster do campeão da Copa... Santa Catarina!O Figueirense era um gigante tentando sobreviver num calendário de time pequeno. Com o estádio lotado e a torcida empolgada, a fraca competição ganhou valor e aquela final contra o Brusque parecia final de Copa do Mundo. O time ainda recebeu as faixas de campeão num amistoso contra o Botafogo do Rio de Janeiro, enobrecendo assim sua conquista. No entanto, aquilo tudo não passava de um grande pesadelo. O Clube se encontrava num dos momentos mais difíceis de sua história e a Copa Santa Catarina só serviu para mostrar que a única herança do glorioso passado era a sua fiel e invejada torcida.
Coluna de Mário Ignácio Coelho do jornal O Estado (04/12/1990)
O leitor já imaginou se o Figueirense estivesse disputando um título estadual ou uma classificação em Campeonato Brasileiro, o que aconteceria? O estádio Orlando Scarpelli, a julgar pelo que houve no domingo, seria pequeno para abrigar uma torcida carente de conquistas expressivas (...) O mais evidente, isto sim, é a fidelidade de um público excepcional, como pouquíssimos em Santa Catarina – seria o maior? – e dono de um salutar fanatismo que poderia ser catalisado para a construção de um clube mais sólido e sem alguns improvisos típicos do amadorismo que infelizmente campeia por aqui. A taça Santa Catarina, um apêndice de calendário, provou que a torcida pode assumir uma equipe mais qualificada.
1991 – Os Gaviões Alvinegros
A força da Gaviões nos anos 90.
"Força, garra e paixão".
Reportagem sobre o fanatismo dos Gaviões, publicada no Diário Catarinense.
1993 – Recorde de Público
Torcida rival é motivo de piada no Campeonato Catarinense de 1993.